Leia o que eu tenho para falar sobre o musical Cantando na Chuva


Minha amiga e eu estávamos super animados quando chegamos ao restaurante. Tínhamos acabado de sair de uma sessão da adaptação brasileira para Cantando na Chuva, no Teatro Santander, e fomos direto encontrar o restante da turma. Estávamos esbaforidos, precisávamos falar sobre que experiência tinha sido aquela! 
No entanto, para quem não gosta de musicais, é difícil acompanhar e entender tanta empolgação. Mal começávamos uma frase e éramos interrompidos por algum assunto aleatório. Eles não entendiam a urgência que tínhamos em compartilhar aquilo. Acabamos desistindo e guardando as melhores lembranças apenas dentro de nossos corações, às vezes, escapando pela boca com um murmúrio da música principal. 
Agora, reabro a caixinha de boas lembranças e coloco no papel, na esperança de que alguém leia e se emocione tanto quanto eu. Por favor, sem interrupções!

Preparação

Quando Cláudia Raia disse que estava prestes a estrear uma montagem do famoso musical Cantando na Chuva para o Brasil, mas com adaptações, para diferenciar do que ela tinha visto em Londres, em 2012, e também do que está prestes a estrear na Broadway, confesso que tive um pouco de receio. A melhor parte de poder assistir a musicais estrangeiros por aqui (não chamo de "enlatados", acho injusto com os artistas) é ter acesso a espetáculos que dificilmente veríamos. Palcos que se movem, dançarinos exímios, músicas marcantes e um enredo bem mamão com açúcar, que é o que nós queremos ver! Agora, o que será que ela queria dizer com “adaptações”?


Uma semana antes de irmos ao teatro, reassisti ao clássico do cinema, de 1952. Gene Kelly estava impecável! Que homem, que sorriso, que dança, que sapateado! Relembrei diversas cenas icônicas e músicas maravilhosas. A vontade que eu tinha era de sair de casa e reproduzir sua dança na chuva por aí, mas, naquela semana, o tempo estava tão seco em São Paulo que o máximo que eu conseguiria seria uma imitação de Pabllo Vittar no Marrocos.

A história

O enredo de Cantando na Chuva fala sobre a transição do cinema mudo para o falado, nos anos 1920, e todas as implicações que isso trouxe aos profissionais da época. Don Lockwood e Lina Lamont são um casal de atores famosíssimos por diversas parcerias no cinema mudo. A mídia chega a especular um suposto caso entre eles. Qualquer informação a partir daqui é spoiler.
Ao contrário do que pensei, fiz bem em assistir novamente ao filme antes do espetáculo. Quando Cláudia Raia disse que fez mudanças nas montagens apresentadas em outros países, ela se referia a justamente ser fiel ao filme, e foi o que eu vi. Cenas idênticas ao clássico, sem alterações, e que trouxeram toda a beleza para o palco. 

A montagem


As cenas com chuva são, sem dúvida, o ponto alto. A produção contratou uma empresa especializada em chuva artificial, Water Sculpture, para fazer toda a pirotecnia que enfeitiça a plateia. De acordo com o programa da peça, cada apresentação em São Paulo consome 8 mil litros de água, que escoam pelo palco e são reutilizados na próxima apresentação. A água é aquecida para que os atores não fiquem gripados. Até agora estou verde Wicked de inveja da primeira fila, que ganhou capas de chuva! Não superei.
O elenco também está afiadíssimo! Jarbas Homem de Mello surpreende na pele do protagonista, Don Lockwood. Eu já tinha visto alguns trabalhos do ator, mas nada em que ele estivesse tão bem! Cláudia faz a sua parceira cômica, Lina Lamont, e consegue puxar um espetáculo inteiro com uma voz intencionalmente irritante, tanto falando quanto cantando. Cláudia, eu te venero. 
É preciso destacar, também, o trabalho de Reiner Tenente como o Cosmo Brown, melhor amigo de Don. Seu timing cômico é fantástico! A Bruna Guerin, que faz a Kathy Seldan, é carismática e tem uma voz angelical. Sua interpretação para “Que tal” chega a emocionar.
Como eu já adiantei, o espetáculo é fiel ao clássico do cinema. Algumas intervenções foram feitas, mas nada que não acrescente à história. Por exemplo, a personagem de Cláudia não canta e nem dança, mas em um sonho de Don, ela entra como uma vedete dançarina. A adaptação se explica com a reação das pessoas, ao saírem da sala de espetáculos: "é lindo, mas achei que a Cláudia ia dançar mais!".

Obrigado por me ler! Se deu vontade de assistir, corra. A temporada é curta.

Serviço:
Sessões abertas até 26 de novembro
Quintas e Sextas, às 21h. Sábados, às 17h e 21h. Domingos, às 16h e às 20h.
Ingressos: de R$ 50 a R$ 260
Teatro Santander
Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041

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