Inaugurado em 1999, o Hopi Hari trouxe um conceito diferente ao mercado de parques temáticos, no Brasil. Com a proposta lúdica de ser um país, incluindo até mesmo um hino nacional, dicionário e moedas próprias, o empreendimento logo se tornou destino certo de excursões escolares e passeios em família. Boa parte das crianças e adolescentes que cresceram nos anos 2000 tem boas lembranças no local.
O fim?
Em outubro de 2015, recebi uma promoção de ingressos por e-mail.
Fazia anos que eu não ia ao parque e pensei "por que não?".
No entanto, algo havia mudado. Ao chegar lá, fomos recepcionados
por uma placa que avisava sobre uma fila prevista de seis horas para embarcar
na Montezum, a famosa montanha russa de madeira. Isso antes de o parque
abrir!
Enfrentamos três horas de espera para a montanha russa dentro da
pirâmide, Vurang, e duas horas para ir ao Katapul. Para não perder a viagem,
cedemos à atração infantil do Batman e ao Kastel di Lendas, onde nos deparamos
com a metáfora que explicava tudo: Diversos bonecos da atração estavam
adormecidos. Nem mesmo a música alegre era capaz de despertá-los. Eles já não
se moviam mais, era como se não acreditassem mais na magia. A tristeza
deles era contagiante.
O clima de fim de festa dava indícios de que o encerramento estava
muito próximo.
Contexto
A derrocada do Hopi Hari foi amplamente noticiada pela mídia. As
reportagens falavam sobre as dificuldades financeiras, abandono, arrastões,
processos judiciais e até a morte de uma visitante, que chocou todo o Brasil.
Em maio de 2017, meses depois da entrada de novos donos, os
portões se fecharam. A intenção era de que a hibernação fosse temporária, para
que o parque pudesse se reerguer e abrir novamente ainda mais forte. Poucos
colocaram fé em que ele realmente voltaria a funcionar.
No início de agosto, o Hopi Hari reabriu com uma nova proposta:
capacidade máxima de cinco mil pessoas por dia (antes o parque chegava a
receber cinco vezes esse número), ingressos a R$ 150 e 85% das atrações em
funcionamento. O novo “prezidan", José David, tem postado vídeos diários
nas redes sociais do parque falando sobre os avanços na recuperação de cada
atração.
De acordo com ele, a equipe já trabalha na reabilitação de três
atrações, que devem abrir nos próximos meses: Ekatomb, Elektron e Evolution. O
Rio Bravo foi o último que reinaugurou sob a nova administração, finalmente
limpo e molhando de verdade, como nos velhos tempos.
A famigerada La Tour Eiffel, que foi cenário do pior momento
vivido pelo parque, está embargada até o segundo semestre de 2018. Enquanto
isso, serve de palco para o show da Hora do Horror. O cronograma está no fim do
texto.
Estrutura
Com o novo prezidan do Hopi Hari, José David Xavier |
As diferenças do novo Hopi Hari já são nítidas na chegada ao
parque. Estacionamento vazio, fachada pintada e controle de acesso bem
mais prático. Personagens dos Looney Tunes e super heróis também
são vistos por lá para fazer fotos. Fizemos uma com o Batman!
José David recepciona os visitantes logo na entrada e posa para
selfies com fãs do empreendimento. Diversas pessoas lhe agradecem pessoalmente
pelo que tem feito na condução do reerguimento do parque.
Há cerca de três funcionários por atração e todas as normas de
segurança são seguidas à risca, com dupla checagem antes de iniciar a
brincadeira.
A comida parece bem mais servida e com um preço justo. No Saloon,
um chuletão grelhado, bicho, com batatas e arroz, por R$ 34! Também há as
opções de até R$ 10, como pastéis e pizzas. Os lanches continuam lá!
A circulação de dinheiro também foi reduzida. Agora, os visitantes
podem colocar créditos no cartão de consumo do parque ou passar cartões de
débito e crédito em lojas e restaurantes.
Apesar da euforia, ainda há alguns pontos isolados que lembram o
abandono vivido pelo parque. Por exemplo, grande parte das lojas que
recepcionavam o visitante, após as atrações, estão vazias.
Como está agora
Enquanto o ator conta a história que introduz o passeio pela mina
de Joe Sacramento, uma das atrações da área Wild West, uma garotinha
amedrontada diz para a amiga, com a voz trêmula: "Ta vendo, Mayara, falei para
irmos na xícara!". Essa frase virou nosso bordão durante o dia. Até irmos
de fato à “xícara”, que na verdade é uma lata de tinta, e sairmos de lá
completamente desnorteados por girar como loucos. A Mayara fez bem.
O clima que paira no ar é completamente diferente do que vimos em
2015: esperança e renovação. Como aquele amigo que sabe que errou muito, mas
está tentando consertar seus pontos fracos e pede por uma segunda chance.
No dia em que fomos, quase não havia filas nas atrações. Em alguns
momentos, a Montezum, um dos brinquedos historicamente mais concorridos, não
podia operar por falta de, ao menos, 15 pessoas para balancear o novo carrinho,
que tem capacidade para 24. Reformado e com mais travas de segurança, também
ajuda a deixar a experiência mais emocionante.
A Hora do Horror voltou a dominar a área Mistieri. Os monstros
interagem e assustam os visitantes, como nos velhos tempos. A produção é tão
caprichada que chega a lembrar o Halloween dos parques da Universal, em Orlando
(EUA). No entanto, quem tem medo pode participar do show sob a torre Eiffel,
com monstros dançarinos.
Contagiante
O Hopi Hari abre para o público às sextas, sábados e domingos, mas
nos outros dias, todos os funcionários participam de treinamentos de
atendimento, operação e, principalmente, segurança.
Nosso tempo rendeu tanto que conseguimos conversar com alguns
deles, que foram unânimes em elogiar a nova administração. Eles também
transbordam o sentimento de esperança que ronda o local, tentando transformar
nossa experiência em algo inesquecível. "Nunca vimos alguém da alta cúpula
literalmente vestir a camiseta do parque", disse um deles sobre José
David.
Dessa vez, muitos dos bonecos adormecidos do Kastel di Lendas
acordaram. Eles já dançam alegremente, mesmo que a apresentação seja para
apenas três pessoas. Um ou outro ainda permanece incrédulo, parado, esperando
para ver o que vai acontecer. Não sou de fazer apostas, mas algo me diz que
eles, em breve, devem se render à contagiante magia.
Desde que fui, muita gente tem perguntado se vale a pena visitar.
A resposta é: "Para mim valeu". Pretendemos, inclusive, voltar
quando os outros brinquedos estiverem funcionando. Que tal ir também e conferir
com seus próprios olhos? De repente, até vamos juntos.
Só não me chame para ir à xícara, vou fazer a Mayara…
Pôr do sol no lago do Hopi Hari |
Status das atrações em 26 de agosto de 2017:
Kaminda Mundi
funcionando:
- Giranda Mundi
- Theatro di Kaminda
- Cinétrion
- Arkadis (antigo “Eléktron” – fliperama – acho que é pago à
parte)
- Jogakí de Kaminda (jogos que dão prêmios - acho que é pago
à parte):
· Sapiska (pescaria)
· Ákua Game (tiro ao
alvo)
· Bazuka
Strike (tiro ao alvo)
· Pula
Galinha (arremesse as galinhas nos puleiros)
· Magus
Balum: (estoure balões)
· Nalata (atire bolinhas
nas latas de leite)
previsão de funcionamento até o final de 2018:
- La Tour Eiffel
Infantasia (Pernalonga e sua turma)
funcionando:
- Kastel di Lendas
- Lokolorê (xícaras)
- Dispenkito
- Giranda di Musik (carrossel)
- Konfront (naves giratórias)
- Levá I Tráz (caminhões giratórios)
- Klapi Klapi (show dos Looney Tunes)
previsão de funcionamento até o final de 2017:
- Trakitanas (“Brinquedão”)
Mistieri
funcionando:
- Katakumb (“Castelo dos Horrores” egípcio – agora incluso no
ingresso)
- Montezum (montanha russa de madeira)
- Vurang (montanha russa na pirâmide)
- Vulaviking
- Simulákron (simulador de montanha russa)
previsão de funcionamento até o final de 2017:
- Ekatomb
Aribabiba (Liga da Justiça)
funcionando:
- Cinemotion do Lanterna Verde (cinema 4D)
- Katapul do Superman (montanha russa do looping)
- Dismonti do Coringa (bate-bate)
- Bat Hatari do Batman (montanha russa)
- Trukes di Pinguim (chapéu mexicano)
- Enigmas di Charada (jogo de adivinhação pago à parte)
previsão de funcionamento até o final de 2017:
- Elektron (antigo “Jambalaia”)
sem previsão:
- Tokaia da Mulher Maravilha (antigo “Hula Hupi”)
- Hadikali (“Skycoaster”)
Wild West
funcionando:
- Tirolesa (agora incluso no ingresso)
- Spleshi
- Rio Bravo
- West River Hotel (trem fantasma)
- La Mina Del Joe Sacramento
- Namuskita (tiro ao alvo pago à parte)
previsão de funcionamento até o final de 2017:
- Evolution
- Saloon (show de cancan – bailarinos estão atuando como monstros
na “Hora do Horror”, mas o restaurante funciona normalmente)
Com colaboração de Alvaro Garcia e Paula Moreira.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabéns pelo Post, estou com planos de retornar ao parque e após ler este artigo fiquei mais animado ainda.
ResponderExcluirConseguiu transmitir alegria do parque através de suas palavras!
Muito obrigado por suas palavras! Volte sempre ao blog :)
Excluirfomos no dia 5 de agosto na abertura e o Saloon, Theatro di Kaminda, Cinétrion e o Cinemotion do Lanterna Verde não estavam funcionando.
ResponderExcluirpelo que entendi, eles já estão operando correto?
o cinemotion eu não conheço, vale a pena?
qual o filminho que está sendo exibido no cinétrion e qual o espetáculo exibido no theatro di kaminda atualmente por favor?
No dia que fomos o Cinemotion não estava operando, não sabemos se pela demanda baixa ou por manutenção mesmo. Colocamos aí, pois no site constava que estava funcionando.
ExcluirEntendi sobre o Cinemotion!
ExcluirVocês foram no Theatro di kaminda e o Cinétrion? Se sim, sobre o que era o filminho exibido no cinétrion e o espetáculo exibido no theatro di kaminda por favor?