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Conhecida como entrada 8 da Praia de Maresias, a viela
que interliga a avenida Doutor Francisco Loup e a rua Olímpio Romão César, em
São Sebastião, litoral norte de São Paulo, ganhou uma nova e artística
identidade. O espaço virou uma galeria de arte a céu aberto, com grafites, e
foi batizado de Beco da Mulher Maravilha. Um evento de lançamento aconteceu nos
últimos dias 16 e 17 de novembro, com trabalhos de 13 artistas mulheres.
A ideia surgiu do casal de arquitetos Carlito e Renata Pascucci,
que trocaram a vida agitada de São Paulo, há 18 anos, pela brisa do mar. Eles
mantêm o Studio Carlito e Renata Pascucci e capitanearam um projeto de
revitalização da cidade, chamado #colorindomaresias, que começou em 2017, em
parceria com a Associação de Pousadas, Hotéis, Bares e Restaurantes de Maresias
(APHM.BR), a Sociedade Amigos de Maresias (Somar) e a Prefeitura de São
Sebastião.
Mobilização social
No início, o projeto visava a reforma e manutenção das
ciclovias. “Não temos fins lucrativos com a ação, apenas a vontade de melhorar
a cidade. Se tornou um coletivo que conseguiu mobilizar e unir as pessoas”, diz
Renata.
O projeto cresceu e eles enxergaram a possibilidade de
dar vida à viela, que era uma interligação escura e evitada por pedestres,
apesar da localização central. “Fica nos fundos de um cemitério e de um hotel.
Vimos que poderíamos fazer uma galeria de grafite a céu aberto para trazer a
arte para as pessoas”.
Para conseguir isso, eles contaram com apoio do
empresariado local e também de moradores. “Captamos o suficiente para compras
as tintas, trazer artistas de São Paulo, alocá-los em pousadas e assim
começamos a articulação”, afirma Renata.
Oficinas com crianças, ação nas
comunidades e artistas de renome
O objetivo da empreitada é fomentar artistas locais e
valorizar a arte urbana, mas também engajar a comunidade na ação. Eles
iniciaram uma oficina de grafite com crianças. “Garrafas pet estão virando
luminárias para a cidade, e são as crianças que pintam. A transformação é real,
é importante os moradores participarem e fazerem parte daquilo”, acredita.
A arquiteta adianta que o próximo braço do projeto será o
#colorindoomorro, que levará grafites para as comunidades mais afastadas de
Maresias.
Para dar vida ao Beco da Mulher
Maravilha, Renata contou com artistas locais, mas também com grafiteiros de reconhecimento
nacional, como Ronah Carraro e Lady Guedes, além de personalidades que deram
vida a obras da famosa galeria de arte de São Paulo, Beco do Batman, como Rafael
Highraff, Boletabike Daniel, Ninguém Dorme e Milo Tchais.
Em apenas três meses, a viela ganhou luzes, cores e
movimento. “Tivemos muito apoio de atores sociais que acreditam que a arte pode
transformar. O beco era um lugar escuro e degradado. Agora está iluminado,
cheio de obras de arte e as pessoas começaram a passar por lá”, comemora.
Empoderamento feminino
A ideia de homenagear a heroína das histórias em
quadrinhos surgiu logo no começo dos trabalhos, pela própria Renata e por outras
artistas que trabalhavam no beco. Elas olharam para o time que, a princípio,
era composto apenas por mulheres e chegaram à conclusão: “se existe o Beco do
Batman, em São Paulo, aqui será o Beco da Mulher Maravilha”.
A identidade criada para o trabalho é de uma mulher
negra, vestida como a heroína, que Renata chama de “Mulher Maravilha dos
trópicos”, e está na entrada da viela.
Renata e Carlito organizaram o evento de lançamento para
que as pessoas soubessem do trabalho e pudessem aprender a valorizar a arte
como um elemento urbano. Ela afirma que não houve restrição de gênero para a curadoria
dos artistas que participaram, mas coincidentemente, foram 13 mulheres.
Os moradores puderam assistir a peças de teatro,
apresentações de cinema ao ar livre em uma Kombi, ter contato com feiras de
orgânicos, cervejas artesanais, entre outras atividades.
Crédito das fotos: Sunshine Filmes
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