Finalmente conhecemos a versão live-action de um dos maiores clássicos adaptados pela Disney. O conto sobre o romance entre a bela camponesa do interior da França e um príncipe aprisionado na pele de uma fera conquistou as últimas gerações, ganhou um Globo de Ouro, em 1992, foi indicado a melhor filme (filme mesmo e não animação) no Oscar, e pertence à chamada "era de ouro" da Disney, iniciada com A Pequena Sereia (1989) e encerrada com O Rei Leão (1994).
Como bom fã da Disney, tenho acompanhado essa nova vertente de adaptação de clássicos para live-action, alguns eu aprovei, como Cinderela, e outros eu torci um pouco o nariz, como Malévola. Não me entendam mal, a vilã de A Bela Adormecida sempre foi um ícone e o roteiro é maravilhoso, mas eu identifiquei pouco da história original lá e isso me incomodou bastante.
Agora, fomos transportados para o mundo de Bela e a sensação que eu tive foi justamente o contrário de Malévola. O filme está lindo, as atuações - principalmente da Emma Watson - surpreenderam, o desenho de cena, figurino, trilha sonora... Tudo está lindo.
Na primeira metade da história eu juro que fiquei apreensivo por enxergar a falta de expressão da Kristen Stewart (Bela também, mas em Crepúsculo) na Emma Watson, mas ela soube desenvolver bem a personagem no decorrer da narrativa.
Pontos fracos
O diretor do novo filme, Bill Condon, é muito fã da animação original. Ele afirmou em entrevistas que, quando foi chamado, não sabia o que fazer, pois como poderia mexer em algo que já é perfeito?
Eu o entendo, porque teria o mesmo pensamento e reconheço que aí está o problema: enxergar muita perfeição em algo nos impede de encontrar outras formas de contar a mesma história e dar o nosso toque pessoal, sem descaracterizá-la.
A versão de 2017 repetiu praticamente todo o enredo da animação e trouxe poucos elementos novos. Alguns, com potencial, não foram desenvolvidos apropriadamente, como a história da feiticeira. Já que resolveram dar mais peso à personagem, porque não responderam quem era aquela mulher? Por que ela vivia na vila? De onde ela veio? Por que ela salvou a Fera no final? Ficou bem vago.
A versão de 2017 repetiu praticamente todo o enredo da animação e trouxe poucos elementos novos. Alguns, com potencial, não foram desenvolvidos apropriadamente, como a história da feiticeira. Já que resolveram dar mais peso à personagem, porque não responderam quem era aquela mulher? Por que ela vivia na vila? De onde ela veio? Por que ela salvou a Fera no final? Ficou bem vago.
As histórias da mãe da Bela e dos pais do Adam (a.k.a. Fera) foram mal desenvolvidas também, uma pena. Condon tentou colocar todo o roteiro original, quase todas as músicas e mais três inéditas, além dos elementos novos. Escolhas precisariam ter sido feitas.
Tenho para mim que o ideal é nem tão distante do original, como Malévola, e nem tão preso à animação, como A Bela e a Fera. Cinderela ficou mais próximo de um equilíbrio.
Tenho para mim que o ideal é nem tão distante do original, como Malévola, e nem tão preso à animação, como A Bela e a Fera. Cinderela ficou mais próximo de um equilíbrio.
Sentimentos são?
Já que toquei no assunto, vamos falar sobre a trilha sonora. Seria imperdoável transportar A Bela a Fera para uma nova versão sem suas músicas. Fato! Mas o destaque, sem dúvida, ficou para as novas canções.
Como pudemos viver 26 anos sem a Evermore, cantada pela Fera? A música representa o ponto mais alto do filme: quando a Fera percebe que realmente ama Bela, pois a liberta, mesmo que isso custe sua própria vida.
Essa é a cena que mais me arrepiou na nova versão e que vou levar guardada no meu coração para sempre.
A nova versão de Beauty and the Beast, com a Ariana Grande e o John Legend, também ficou muito boa. Já ouviu?
A nova versão de Beauty and the Beast, com a Ariana Grande e o John Legend, também ficou muito boa. Já ouviu?
Tem gay no filme?
Houve uma repercussão muito grande no início de março, quando Bill Condon revelou em entrevista à revista britânica Atitude que teria um personagem abertamente gay no filme e até algumas cenas mais explícitas. Depois disso, a Rússia aumentou a classificação indicativa para 16 anos e a Malásia adiou a estreia.
Muito barulho por quase nada.
Muito barulho por quase nada.
Eu, sinceramente, não esperava por um beijo entre dois homens ou uma cena mais picante. Estamos falando de uma empresa que cresceu calcada nos mais conservadores costumes e vem avançando, a passos lentos, rumo à modernidade, com heroínas mais fortes e independentes, por exemplo.
Desenvolver mais a história de LeFou foi um grande passo e certamente podemos esperar por mais momentos inclusivos nos trabalhos da Disney, daqui por diante.
Além das insinuações que ele faz para o Gaston, a cena mais "explícita" acontece no baile final, quando um rapaz o tira para dançar, na troca de casais. Eu só consegui ver na segunda vez que assisti ao filme (sim, já assisti a versão legendada e a dublada. Me julguem). A cena é tão rápida que o espectador perde, se piscar.
Além das insinuações que ele faz para o Gaston, a cena mais "explícita" acontece no baile final, quando um rapaz o tira para dançar, na troca de casais. Eu só consegui ver na segunda vez que assisti ao filme (sim, já assisti a versão legendada e a dublada. Me julguem). A cena é tão rápida que o espectador perde, se piscar.
Quem sabe a empresa não ouça o apelo da internet e dê uma namorada à Elsa, em Frozen 2? A sua versão humana, Idina Menzel, inclusive, já apoiou!
1991 x 2017
Já adiantei que há novos elementos no filme: a história
da mãe da Bela, os pais da Fera e a maior interatividade da feiticeira, Ágata.
No entanto, há alguns detalhes que diferenciaram as duas
formas de contar a mesma história. Eu listei apenas os principais na tabela
abaixo. Lembrou de mais algum?
Animação
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Live-action
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Profissão: Maurice é um inventor. Bela aparentemente não exerce nenhum ofício, além de cuidar do pai.
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Profissão: Maurice é um inventor e também artista, pois pinta quadros. Bela
também é inventora e cria uma “máquina de lavar roupa”.
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Motivo: Maurice é preso pela Fera por “invadir” o castelo.
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Motivo: Maurice é preso pela Fera por roubar uma das rosas do castelo, para
presentear Bela.
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Chegada de Bela ao castelo: Ao acordar com a Fera que vai ficar no lugar de seu pai, Bela é
impedida de se despedir e levada a um quarto, pelo próprio anfitrião.
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Chegada de Bela ao castelo: Bela engana o pai e, ao se despedir, o empurra para fora da cela,
ficando em seu lugar.
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Reação ao ser presa: Bela aceita seu destino de prisioneira e destila apenas algumas
rebeldias contra a Fera, antes do primeiro jantar.
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Reação ao ser presa: Desde o primeiro minuto, Bela tenta escapar do castelo. Chega a armar
um plano de fuga, mas desiste após conversar com Madame Samovar.
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O segredo: Bela só toma conhecimento da maldição no fim do filme. Em nenhum
momento ela imagina que a Fera ou os objetos do castelo são pessoas
aprisionadas.
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O segredo: Após ser salva pela Fera, os objetos revelam o segredo de suas vidas
e o dilema da rosa encantada à Bela. Exceto que a maldição é quebrada quando
a Fera conseguir ser amada por alguém.
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Resgate: Ao voltar à vila, Bela é trancada junto de Maurice no porão da casa. Eles só conseguem escapar, pois Zip foi escondido na bolsa da garota
e os tira de lá.
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Resgate: Ao voltar à vila, Bela é trancada junto de Maurice em uma diligência, que o levaria ao manicômio, e conseguem fugir usando um grampo
de cabelo da garota.
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