Dia desses, vi uma foto sua, por acidente. Sua expressão ainda era a mesma, o sorriso era o de sempre, mas o meu sentimento não. Há tantos dias não nos falamos. Acho que a ausência já caminha para ser contada em meses, na verdade.
De vez em quando, a saudade fica úmida. Escorre pelo rosto e repousa nos meus próprios ombros, já que os seus já não estão mais aqui, como costumavam estar. Cada gota quente que desce pelo meu rosto é carregada de lembranças de outra vida. Conosco, o riso não era comedido, bem como o choro. O único conserto eficaz para as goteiras que caem dos olhos, é arrancar a saudade do peito e jogar em um texto.
As lágrimas mais ácidas que já caíram de meus olhos tiveram seu ombro como repouso. Essas mesmas lágrimas afastaram tantos que não sabiam nadar em emoções, mas você ficou, enfrentando a correnteza da tristeza e me puxando para o seu lado, sempre.
Nunca precisamos de internet para nos conectar. Algum elo estranho nos avisava quando um precisava do outro e nem precisava de tique azul, para o telefone logo tocar.
Não sei como vou reagir se te encontrar na rua, desavisado. Não sei se devo te cumprimentar, ou passar direto. Não sei se a falta dói em você, como dói em mim. Não sei se quero ampliar a dor tentando descobrir.
Nós, que sempre fomos amor, fomos desmanchados por um novo amor. Um novo tom de amor encobriu aquele que era nosso, como uma peça que sai de moda e outra entra no lugar, convencendo o mundo de que é mais atraente. O nosso amor jamais sairá de moda, mas anda fora de catálogo, nessa estação.
A vida me ensinou que os verdadeiros amigos são os que resistem às adversidades. Os que suportam as ondas das emoções, ficam por mais tempo. Os que não aguentam, deixam-se levar pela correnteza e vão ancorar sua amizade em outra ilha. Há alguns que se desgarram de nossas ilhas, mas voltam.
Um dia voltam.
Espero que esteja feliz na ilha em que estiver agora. Continuo tentando alcançar a firmeza da minha, para que, quando você voltar, meu ombro esteja pronto, te esperando.
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