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Baby Barioni (DEF): O palco do meu aprendizado na natação |
Locutor: "Bem vindos ao campeonato anual de natação. Nossos alunos inscritos demonstrarão hoje suas habilidades adquiridas durante todo o ano. Por favor, todos em suas posições"
Todo esse clima olímpico, que permeia o mundo e principalmente o Brasil, por conta da Rio 2016, me fez lembrar de meu passado nada olímpico. Quando eu não me tornei Michael Phelps por meros detalhes.
Nunca fui fã de esportes, era do tipo que fazia de tudo para fugir da aula de Educação Física: driblava o futebol, queimava o chão na aula de vôlei, enterrava o time no basquete e corria da corrida ao redor da escola, mas não consegui escapar da natação. Fiz durante seis anos. O médico disse para minha mãe que seria bom para minha bronquite, então tive que ir.
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Se eles conseguem, por que eu não consigo? |
Lembro do primeiro dia de aula. Eu tinha apenas oito anos e não sabia nem chegar perto de uma piscina, quanto mais nadar! A professora chamava um por um e perguntava o que sabia fazer, para nivelar a turma. Ela, claro, pedia uma demonstração das habilidades descritas.
Observei meus colegas afirmarem que sabiam nadar crawl, costas, clássico (ou peito) e borboleta. Parecia tão fácil o que eles faziam. Eu poderia reproduzir! Afinal, era como uma coreografia, não era? "Não deve ser tão difícil", pensei. De repente, a professora me puxou da minha viagem mental:
- Paulo
- Presente
- Vamos lá, você sabe nadar?
- Sim, eu sei.
- Hummm. Quais estilos você sabe?
- Sei nadar crawl, costas e borboleta (omiti o peito, para não parecer tão arrogante)
Todos em coro: Uaaaau.
- Certo. Pode demonstrar?
- Claro!
Pulei na piscina e afundei. Todos riram.
Comecei como todo mundo, agarrado à parede. A professora carinhosamente nos chamava de lagartixas. Certamente era alguma prática pedagógica para nos fazer querer sair dali o mais rápido possível.
Fui me desenvolvendo no decorrer dos seis anos que passei por lá e, aos poucos, aprendi os quatro estilos de nado.
Locutor: "Agora nossos alunos se posicionarão nas balizas correspondentes aos números sorteados. Eles mergulharão e atravessarão a piscina em nado crawl e voltarão em nado clássico".
Opa. Calma aí...Mergulharão?
Aprendi todos os estilos durante os seis anos que passei por lá, mas nunca consegui mergulhar. Inclinar meu corpo para cair de cabeça exige um grau de confiança que a piscina nunca me proporcionou. Ainda mais em cima de uma baliza!
A única coisa que eu conseguia mergulhar de cabeça era no hot dog do senhor Pedro, ao final da aula. Meu momento favorito. A verdadeira motivação para ir duas vezes por semana para lá. Isso diz muito sobre mim até hoje.
- "O seu é sem nada, só com duas salsichas, né?" - era como música para meus ouvidos cheios de água com cloro.
Ele me conhecia tão bem!
Locutor: "Alunos, atenção ao sinal. No terceiro, todos mergulham e iniciam a prova"
"3"
Meu Deus, eu nunca soube mergulhar. Por que aceitei participar disso? O que eu faço?
"2"
Se eu fingir um desmaio e cair na piscina me livro disso, mas vou chamar ainda mais atenção. Fora que vejo esses meninos toda semana!
"1"
Ok, Paulo, você consegue. Respira. Você sempre vê todo mundo mergulhando, não deve ser tão difícil. É como uma coreografia.
"Já"
Lá vamos nós.
Locutor: "Uau! Que bela barrigada. Essa deve ter doído, hein?"
Nunca ganhei uma medalha. Mas comi diversos hot dogs.
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Melhor me dedicar a esportes mais interessantes |
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