Wanessa, não me leve a mal...


Minha primeira foto com a Wanessa Camargo, quando era pop

A primeira vez que ouvi Wanessa Camargo, torci o nariz. Eu fazia parte da infância que cresceu com a Sandy e caí no conto de que uma necessariamente era inimiga da outra. Isso é bem frequente no mundo pop. No entanto, os primeiros acordes do seu segundo single, Apaixonada por você, me conquistaram para sempre. 
Me tornei daqueles fãs que defendiam, votavam em enquetes - Quando ela perguntou no site oficial se queríamos Tanta Saudade ou Estarei aqui como single do segundo CD, votei na segunda opção, que perdeu - fui a shows na capital, interior e litoral, comprei CDs, usei faixas com glitter, a ouvi chamando Perus de município, e sempre a apoiei. 
Eu nunca tinha ouvido falar em Alumínio, no interior de São Paulo, mas fui até lá para assisti-la e arrastei meu melhor amigo nessa aventura. Nem sabíamos como voltar, mas pernoitamos por lá.

Mudanças são necessárias

Em períodos de crise, empresas e artistas criam estratégias para se manter no mercado, seja com o aumento do consumo médio de quem já é cliente ou com a busca de um novo consumidor para seus produtos/serviços. As duas práticas são saudáveis e têm sido feitas com sucesso por empresários brasileiros que precisam resistir à instabilidade econômica.
No entanto, a marca não pode perder sua identidade para atrair novos clientes. Ela não pode deixar para trás a essência que a manteve viva até aquele momento. É período de reinvenção, mas com estratégias coerentes e que dialoguem com seu cliente de sempre. Quando a crise passar, ele ainda estará lá.
Os fãs de música pop sabem que todo cantor precisa de reinvenções. A mesmice não vende para
sempre. Basta olhar a Lady Gaga, que foi um fenômeno nos dois primeiros discos, mas não conseguiu repetir a fórmula com êxito no terceiro. Até hoje ainda não apresentou outro trabalho dentro do pop para o mercado e lá se vão três anos desde Artpop. Britney aprendeu que só um nome forte não basta, vide o fiasco de Britney Jean (2013). Ela se renovou em 2016, apresentou um single muito mais condizente com a realidade e que agrada os fãs antigos também.
Aqui no Brasil não é diferente. Sandy já não tem o mesmo público de antes. A carreira solo trouxe outros ouvintes para o seu trabalho, somados aos que ainda a acompanhavam da dupla com o irmão. Kelly Key tentou emplacar hits parecidos e acabou no esquecimento. Coisa que a Anitta já faz diferente, e tem conseguido perpetuar seu nome no pop nacional e, quiçá, mundial, com uma grande equipe de marketing. 

Para quem ainda não ouviu, dê o play no novo som da Wanessa e entenda o texto abaixo:




O anti-marketing de Wanessa

O exemplo mais clássico de reinvenção no cenário pop nacional é inegavelmente a própria Wanessa Camargo. Ela começou com uma grande rejeição, em 2000, mas quebrou barreiras e, aos poucos, passou a ser aceita pelo público. Suas músicas eram mais ousadas, diferentes das de Sandy e Junior. 
Com o tempo, Wanessa passeou pelo pop romântico, flertou com o country, pop rock, reggaeton, misturas latinas até chegar ao eletrônico, onde se estabeleceu como diva LGBTQ. No início, quando alguém a chamava de sertaneja, pela influência do pai, ela negava, dizia que hits como O Amor não Deixa e Apaixonada por Você eram pop, dignos de uma rádio Jovem Pan, e que não se identificava com o sertanejo. Quem estava lá para replicar esse discurso por ela? Os fãs, claro.
Hoje, porém, a história é diferente. Mais de 15 anos depois, ela parece ter esquecido seu legado e os fãs que conquistou ao longo de suas eras, com transições bem-feitas. Ela quer mais.

Camaleoa?

Wanessa chegou a um ponto em que achou precisar optar em mudar completamente o público ou manter aquele conquistado. Ela resolveu mudar, agora canta sertanejo universitário. Um estilo que, diferente das batidas do funk, nunca dialogou com o pop nacional. 
A transição que poderia ser promissora, como a de Taylor Swift, e a que o Luan Santana vem fazendo, foi traumática e certamente custará muitos fãs antigos.
Wanessa, não me leve a mal, mas você ousou. Pagou para ver, optou por um caminho que se mostrava mais frutífero, mas só o tempo dirá se o seu Coração Embriagado não foi uma decisão precipitada e poderá custar mais caro do que os shows da The Week. Aguardemos os próximos capítulos.



Comentários

  1. Espero sinceramente que tudo isso não passe de uma mera embriaguez, amigo! Ela sempre ousou e provou que não tem medo de se reinventar, mas desta vez, o "desespero" parece ter subido à cabeça. Não digo isso com preconceito ao gênero, vejo como um oportunismo descabido em tentar agradar um público faminto, o que em dias atuais mais consome música no Brasil.

    Vamos acompanhar o próximo porre dela! rssss

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    1. Eu também penso assim. O Luan Santana está fazendo uma migração do sertanejo para o pop de uma forma bem mais transitória, ouça a nova música dele. A Taylor Swift demorou anos para se assumir pop. A Wanessa já veio esfregando uma sanfona na nossa cara!

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