Eu, palestrante

“Olá, meu nome é Paulo Gratão, sou jornalista...”. “Não, começa de novo. Que sorrisinho é esse? Que tipo de imagem você quer passar?”.
Ok, vamos lá.
“Olá, meu nome é...”. “Para, para de novo. Olha para a câmera, não para o papel. Pra que você precisa desse papel?”. “Aqui tem minha cola com os dados, não vou decorar isso”. “Também não vai ficar recitando números, né? Ninguém gosta disso”. “Mas esses são importantes”.
Ok, escolhi os mais importantes e abandonei o papel.




Minha desenvoltura em frente à câmera é quase nula. Isso foi a primeira barreira que eu coloquei quando recebi o convite para palestrar no Congresso Nacional de Desenvolvimento Empresarial (Conadeem). “Eu falando em um vídeo para um monte de gente, e sobre franchising, um assunto que tem pelo menos uma centena de especialistas pelo país?”. Neguei de cara. Eu sou um dos poucos jornalistas que não se formaram para ser Willian Bonner. Minha ferramenta de trabalho sempre foi uma caneta, nunca o microfone. Até nas aulas de Telejornalismo eu me dava melhor como produtor do que como apresentador.
Recentemente, aderi ao Snapchat para tentar remover essa trava. Pela repercussão dos vídeos, tenho tido algum sucesso, mas ninguém precisa saber que gravo 12 mil antes de postar um, né non?
Após muito relutar, fui convencido de que meus três anos de experiência com a ABF me deram conhecimento suficiente sobre o mercado de franquias para compartilhar com quem está começando (beijo, Susana Vieira), que é a ideia do Congresso. Além disso, a experiência serviria para me impulsionar a falar em público.
O irônico da situação é que faço parte de um grupo de teatro há duas décadas. Uma vez por ano subo ao palco para interpretar algum personagem da Paixão de Cristo, para cinco mil pessoas, em média, e me parece mais fácil. É o personagem que fala através de mim, usando meu corpo e minha voz. Por isso dizem que o teatro é magia.
Quando a câmera exige ver o Paulo de verdade, sem máscaras, figurino ou sem a proteção de algum roteiro previamente decorado, a coisa fica feia.
Em um primeiro vídeo que fiz sozinho em casa para esse projeto, o meu gato foi o protagonista. Não bastasse o meu nervosismo, o rabo em riste passava pela tela e miados podiam ser ouvidos com mais nitidez do que a minha voz. Pensei em desistir ali.
Se não fosse o encorajamento, direção e edição do Alvaro Garcia (clap, clap, clap), esse vídeo não sairia e eu teria sucumbido a um desafio proposto pela vida. Quando vi a versão final, tive uma empolgação tardia. Já não dava mais tempo de mexer em nada. Estava lindo.
 O resultado dessa aventura vocês podem ver nessa quarta-feira, dia 29, quando vai ao ar a palestra "Franquias à prova de crise". Assista ao vídeo aqui. Mas lembre-se: tenha paciência com quem está começando.


Lembre-se de ter paciência com quem está começando

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