Maior sucesso da Broadway chega aos palcos paulistanos




O Rei Leão, da Disney estreia no futuro Teatro Renault em março de 2013 com músicas traduzidas por Gilberto Gil

Paulo Gratão

O rei de toda a floresta se prepara para aportar pela primeira vez em um palco da América do Sul. O Rei Leão, da Disney, o musical de maior sucesso da Broadway finalmente ganhará sua versão brasileira em março de 2013. As audições já começaram, o roteiro já foi traduzido e as músicas ganharam versos em português nas mãos de Gilberto Gil.
A Time For Fun (T4F) recebeu jornalistas no início de outubro no Teatro Abril - que passa a atender pelo nome de Teatro Renault a partir de novembro - para apresentar o musical que estreou em novembro de 1997 na Broadway e de lá para cá coleciona 19 montagens em oito idiomas pelo mundo, com mais de 65 milhões de espectadores. Para falar sobre o espetáculo, Thomas Schumacher, presidente e produtor da Disney Theatrical Group esteve no evento acompanhado pela diretora da montagem original de O Rei Leão, Julie Taymor.
Os dois apresentaram a visão do espetáculo, que tem uma proposta diferente da obra cinematográfica. Na telona, o desenho encerrou a chamada “era de ouro” da Disney, que começou com A Pequena Sereia, em 1989 e terminou com a história de Simba, em 1994. Já no espetáculo, atores de carne e osso dão vida aos animais da história animada. “Eu achava que levar O Rei Leão para o teatro era a pior ideia do mundo. Não é como A Bela e a Fera, que tem personagens humanos. Era muito cinemático na minha concepção”, lembra Schumacher.
Julie encarou como um desafio a concepção do musical. “A história não tem humanos, mas tem personalidade humana por meio de animais”, comenta. A base de sua inspiração não foi fazer com que atores fantasiados com peles subissem ao palco e reproduzissem o que se via na animação. Cada personagem foi cuidadosamente pensado para que o figurino traduzisse a cultura africana, onde a história se passa. Personagens como o pássaro Zazur são marionetes nas mãos dos atores. Simba, Nala, Mufasa e Scar têm máscaras acima da cabeça para que suas expressões possam ser trabalhadas. “Além de cantar, dançar e atuar, os atores tiveram que aprender a manusear as esculturas dos personagens em cena”.
Outra novidade da peça é que o macaco Rafiki, aquele responsável por contar a história e que apresenta o pequeno Simba no alto da pedra, é uma mulher no teatro. “O personagem se tornou mulher para dar um peso feminino, materno à história”, conta Julie. A atriz sul-africana Tsidi Manye foi a escolhida para o papel na versão norte-americana.
O brasileiro Gilberto Gil também conversou com o presidente e a diretora do espetáculo sobre a tradução das músicas para o português. Atores da versão original encenaram quatro números do musical para os jornalistas, dentre eles uma das três inéditas para a versão teatral, Shadowland, tema de Nala e a já conhecida Can You Feel The Love Tonight, de Elton John. Aliás, quem pensa em decorar as versões do desenho para fazer coro com a apresentação, é melhor desistir: a tradução foi refeita de acordo com o musical adaptado para o teatro, e as letras não são mais as mesmas. Sobre isso, Gil falou: “O tradutor sempre arrisca perder a própria alma e a de todos. O teatro tem suas próprias versões e é sobre elas que temos que trabalhar”, diz.
A parceria entre a T4F e a Disney ainda prevê mais dois espetáculos após a temporada de O Rei Leão. A Pequena Sereia e Mary Poppins serão as próximas montagens que poderão ser apreciadas pelos brasileiros.

Comentários