As dezesseis Paixões do GTAV

Grupo celebra a apresentação da Paixão de Cristo pela 16ª vez reunindo grande parte do elenco há pelo menos dez anos

por Paulo Gratão


22 de abril de 2011, 19h. Faltavam alguns minutos para o primeiro ator entrar em cena e iniciar a apresentação da Paixão de Cristo, uma das histórias mais conhecidas do mundo. Mas essa era especial: pela 16ª vez o premiado núcleo de pesquisa teatral GTAV (Grupo Teatral Arte de Viver) apresentava para o público
presente na paróquia Nossa Senhora das Dores, em Parada de Taipas, zona norte de São Paulo.

Se havia alguém, entre os quase 2 mil espectadores e as mais de 50 pessoas envolvidas no elenco e produção, mais nervoso que o próprio ator, era Roberto Bueno, o diretor e fundador do grupo. “Sinto como se eu estivesse subindo ao palco para a minha primeira apresentação. Fico rezando para que ele faça o melhor. É uma emoção muito grande, que contagia todo o corpo e ai você vai vendo a transição das coisas acontecendo e o brilho no olhar dos atores e do público que assiste”, detalha o diretor.

Grande parte do elenco que compôs a montagem desse ano esteve presente em todas as outras versões apresentadas. O grande desafio é contar a história de forma diferente todos os anos. E essa missão foi cumprida. O espetáculo reuniu, além do teatro, as artes da dança e música. Bueno conta que a evolução desse espetáculo em relação a todos os outros já feitos é clara. “No início recebíamos muitas críticas construtivas, que nos fizeram crescer. O grupo mudou, muitos passaram e outros permaneceram firmes. Os trabalhos de pesquisas que realizamos nos últimos anos nos trouxeram sustentação para a Paixão de Cristo 2011, e fizemos um trabalho ainda mais árduo e que exigiu dedicação de cada um”, comenta. O novo pároco, padre Cássio, também participou ativamente do processo de construção do espetáculo. Bueno revela que muitos detalhes foram inseridos para enriquecer a história sob a experiente supervisão do sacerdote.

O grande objetivo da encenação, segundo o diretor, foi cumprido. Como se trata de um evento cultural, oficializado no calendário de Cultura da Cidade de São Paulo, e não religioso apenas, muitos cuidados foram tomados. “O espetáculo tem como maior objetivo a transformação, ainda que não transforme centenas de pessoas. O trabalho além de ser religioso, é também artístico e as pessoas gostam ver coisas boas e de qualidade. Contamos a história de uma forma ecumênica, acredito que isso seja a chave para atrair não só os católicos, mas os nossos irmãos de outras denominações. Afinal religiões são rótulos”.

O público estava longe de ser recorde se comparado aos anos anteriores, que reuniram de 5 mil a 8 mil pessoas por apresentação, mas foi satisfatório diante do feriado prolongado que tinha a missão de boicotar o trabalho do grupo.

Como nem tudo é perfeito, ainda há pontos que podem melhorar. O diretor e o grupo são críticos quanto ao próprio trabalho e acreditam que no ano que vem podem fazer um trabalho ainda melhor. A produção prévia para o espetáculo e a cena da Ressurreição serão os focos de atenção apontados pelo diretor para o próximo ano. Mesmo assim, considera que foi o melhor trabalho que já levou ao palco. “Aos meus olhos de diretor, e aos olhos de muitos que pude ouvir, esse ano foi maravilhoso, bonito de se ver, ouvir e sentir”, finaliza.

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