O adeus à dança do medo


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Por muitos anos eu vivi com medo de ser substituído, de errar os passos da dança da vida ou de perder o controle das coisas. 
Sempre fugi do debate e adiei a mudança. Me sentia seguro dançando no ritmo que outras pessoas tocavam, seguindo suas diretrizes, com pouco espaço para improvisos. O medo era tanto, que só trocaria o solo arenoso e movediço que pisava quando encontrasse algo que me fornecesse uma sensação de segurança, mesmo que fosse apenas um sentimento e não uma garantia de fato. 
Jamais arriscaria os passos da dança do desconhecido, sem nenhuma corda para me amarrar ou uma coreografia para seguir. Evitava o improviso a todo custo, não tinha a mínima autoconfiança. Dancei tanto os passos ditados por outras pessoas que esqueci como era ser conduzido pelos meus próprios pés. Tudo isso parecia palatável até que a água chegou no pescoço... E eu quase engasguei, sem conseguir mais dançar uma música que não fosse de desespero e ira.

Por mais que evitemos mudar a trilha sonora da nossa vida, ela se transforma ao nosso redor. Se ficamos estáticos, não cabemos mais no lugar em que estamos, pois ele se renova ao sabor dos acordes, para o bem ou para o mal, e corremos o risco de não caber em mais nenhum lugar, de não saber seguir mais nenhuma coreografia. Nunca estamos verdadeiramente seguros, a única certeza que existe é que a inércia é a pior das opções, pois te imobiliza e te prende para sempre na dança do medo.

Faz parte do amadurecimento aprender que pouco importa o quanto sejamos bons em alguma coisa, sempre haverá alguém melhor e mais atualizado. Da mesma forma, sempre seremos melhores que alguém em algo, em algum momento específico. A vida é esse eterno ciclo de elevação e declínio de autoestima e nunca estaremos preparados para lidar com isso. 

Eu escolhi mudar em 2018 e conduzir meus próprios passos. Chego ao fim do primeiro ano bem longe das metas que tracei, mas igualmente distante das rédeas que me imobilizavam: ainda falta muito para a minha música acabar. Conquistei algo que é impossível relacionar em valores: coragem para saltar no desconhecido, improvisar, arriscar meus próprios passos e tentar coisas novas, sem medo do fracasso ou do ridículo. E agora ninguém me para mais, muito menos o medo.
Só temos uma vida e não temos a certeza do amanhã para adiarmos nossos sonhos. Uma vida sem sonhos é vazia, mas sonhos sem perspectiva de realidade são só ilusões. 

Grandes sonhos para nós em 2019 e muita coragem para torna-los realidade. Dance no seu ritmo.


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